O escritor canadense Dan Gardner é co-autor do livro “As lições dos Superanalistas”, junto com o psicólogo e cientista social Philip Tetlock. No livro, baseado em uma pesquisa de mais de vinte anos, eles defendem que a maioria das previsões feita por analistas é furada, mas que existe um pequeno grupo que consegue acertar leituras de cenário a longo prazo acima da média porque utilizam rigo científico para isso. Na entrevista a seguir ele conta um pouco sobre uma das características mais importantes desses superprevisores: a humildade.
VOCÊ S/A – Vocês de definem como céticos otimistas. Por quê?
Dan Gardner – As pessoas tendem a ir para extremos quando se trata de previsões. Em uma extremidade elas não investigam o histórico do especialista e confiam sem hesitar nos seus prognósticos. No outro extremo estão os céticos. Nós nos posicionamos no meio-termo porque embora acreditemos que nosso desejo de prever seja maior que nossa capacidade de acertar, também sabemos que existe alguma capacidade de antever as situações. Nós nunca seremos videntes e gurus capazes enxergar um futuro distante, mas algumas melhorias podem fazer uma diferença real.
VOCÊ S/A – Por que a humildade intelectual é importante?
Dan Gardner – A humildade intelectual significa que você pode deixar de lado a certeza absoluta das suas crenças. Tudo é uma questão de probabilidade – uma escolha sobre algo variando de 1% a 99%. Esse “pensamento probabilístico” é uma ferramenta essencial para uma boa tomada de decisão. E finalmente, ter humildade quer dizer que você sabe que as pessoas cometem erros e que – já que você também é uma pessoa – também poderá cometê-los. Isso é o que os psicólogos chamam de metacognição, que torna os indivíduos mais propensos se perguntar constantemente se eles estão certos nas suas ações e assim corrigir os erros.
VOCÊ S/A – No Brasil estamos vivendo uma época de incerteza político-econômica na qual muitas pessoas tendem a tornar posições muito inflexíveis. Por que isso acontece?
Dan Gardner – Em um estudo holandês os voluntários foram convidados a identificar os sinais fisiológicos do medo. Para um grupo de funcionários foi dito que receberiam 20 fortes choques elétricos e para outro 17, porém, intercalados entre leves e fortes. Em seguida os choques foram dados. Quem experimentou mais medo? O último grupo porque nunca sabiam se os choques seriam suaves ou intensos. Nós temos uma profunda aversão psicológica a incertezas e por isso nos afastamos de posicionamentos que considerem a existência delas.
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